segunda-feira, 25 de junho de 2012

Minhas, suas, nossas...palavras!

Novamente o tema, mas julguei necessário!
 
Estive ouvindo hoje um texto de Guimarães Rosa chamado "Famigerado". Devo confessar que a leitura não é uma das mais fáceis, mas conforme o texto corre as dificuldades vão sumindo. Mas o que mais me interessou no texto em si não é como ele é escrito, apesar de ser esse um dos objetos que constroem todo o cenário da leitura, e sim a lição que tirei desse texto parece se rum pouco mais profunda.
 O texto trata dessa palavra "Famigerado", como o título já o sugere, mas o seu significado pode nos mostrar dois sentidos, um de caráter pejorativo, e outro com um sentido de elogio. Em um sentido, a pessoa se torna um ladrão, em outro, notável por seus atos ou vindo de boa família, variando ai somente o seu contexto. Segundo a história, quem difere esses sentidos é a personagem principal, escolhendo usar o primeiro, já que o Jagunço que o perguntava mataria aquele que havia lhe chamado daquela forma.
  Agora, temos tomado a mesma atitude do médico? Escolhemos mesmo que palavras usar? Ou que sentidos elas irão tomar? E quantas vezes a resposta para essas perguntas tem sido não? Quantas vezes falamos coisas, comentamos, ou apenas não escolhemos bem que palavras usar com as pessoas que nos rodeiam, e como esse tipo de atitude irresponsável  nos traz prejuízo em nossas relações pessoais. São fofocas, palavras de duplos sentidos, ou informações realmente falsas, usadas apenas para causar dano ao próximo. Quebramos relacionamento, fazemos inimizades, colhemos problemas, e em alguns caso, arranjamos brigas feias, simplesmente porque usamos mal, o que pode ser a nossa melhor ferramenta, ou nossa melhor arma.
  Não sei ao certo se ainda temos a noção de quão nocivas podem ser as nossas palavras, pois jogá-las ao vento simplesmente, sem pensar nos efeitos que isso poderia causar já virou um costume, afinal de contas, em terras que manda a Democracia e a Liberdade, fala-se o que quer, faz-se o que lhe vem à cabeça sem se importar com que as pessoas sentem ou pensam.
 Lendo um pouco sobre budismo, descobri que uma das suas leis prega A Perfeita Palavra, que é o fato de saber como usar, quando usar suas palavras, de modo que elas não sejam impensáveis e venham a causar maiores efeitos. Outra lei que aqui se aplica é a de não lhe tomar aquilo que não lhe foi dado, e num âmbito maior ainda do que os furtos, essa lei também condiz com a palavra.
  Enfim, se começarmos a pensar em que palavras usar, ou em quando devemos apenas não usá-las, o que mostra ainda mais destreza no uso da palavra, evitaremos assim situações e problemas desnecessários, pois de problemas estamos fartos...